As evidências do uso
do ácido graxo ômega-3 em transtornos mentais e psiquiátricos são relativamente
recentes, mas mostram-se benéficas e promissoras.
Transtornos mentais
são importantes causas de disfunção neurológica no mundo todo, afetando
desproporcionalmente mulheres, crianças e adolescentes. Com o objetivo de
elucidar as possíveis causas e consequências de doenças mentais, pesquisadores
começaram a estudar o papel da nutrição na saúde mental. Evidências indicam que
os ácidos graxos essenciais, como os da família do ômega-3, apresentam papel
fundamental na prevenção e tratamento de diversos transtornos mentais e
neurológicos (1,2).
Ácidos graxos ômega-3
são essenciais durante todo o ciclo da vida para o desenvolvimento e
funcionamento normal do cérebro. O tecido cerebral é predominantemente composto
de lipídeos, incluindo os saturados, monoinsaturados e poli-insaturados. Dentre
os ácidos graxos poli-insaturados, o ômega-3 corresponde por cerca de 10 a 20%
do total da composição de ácidos graxos no cérebro (1), pois são componentes
estruturais fundamentais das membranas de neurônios e também estão envolvidos
na bioquímica do desenvolvimento e processos cerebrais e neuronais do sistema
nervoso central (3).
Apesar da
importância do ômega-3 já estar evidenciada na literatura científica, o consumo
de ômega-3 pela população geral, incluindo crianças e adolescentes, é
frequentemente inadequado. Evidências sugerem que a deficiência de ômega-3 pode
estar associada com diversos problemas de comportamento, desordens neurológicas
e psiquiátricas, como por exemplo, déficit de atenção, dislexia, autismo,
transtornos bipolares, esquizofrenia e depressão.
Revisão sistemática
verificou que a suplementação com ômega-3 em crianças com transtornos de
déficit de atenção e hiperatividade é benéfica na melhora dos sintomas gerais,
porém modesta (4). Em crianças autistas, resultados premiliminares demonstram
que a suplementação com ômega-3 melhora a habilidade motora e cognitiva,
sociabilidade, contato visual e concentração, além de reduzir a agressividade,
irritabilidade e hiperatividade (5-7).
Para saber muito
mais sobre este assunto, consulte seu nutricionista clínico.
Referência (s)
1. McNamara RK,
Carlson SE. Role of omega-3 fatty acids in brain development and function: potential
implications for the pathogenesis and prevention of psychopathology.
Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids. 2006;75(4-5):329-49.
2. Ramakrishnan U, Imhoff-Kunsch B, DiGirolamo AM.
Role of docosahexaenoic acid in maternal and child mental health. Am J Clin
Nutr 2009;89(suppl):958S–62S.
3. Schuchardt JP, Huss M, Stauss-Grabo M, Hahn A.
Significance of long-chain polyunsaturated fatty acids (PUFAs) for the
development and behaviour of children. Eur J Pediatr. 2010;169(2):149-64.
4. Bloch MH, Qawasmi A. Omega-3 Fatty Acid
supplementation for the treatment of children with
attention-deficit/hyperactivity disorder symptomatology: systematic review and
meta-analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2011;50(10):991-1000.
5. Amminger GP, Berger GE, Schafer MR, Klier C,
Friedrich MH, Feucht M. Omega-3 fatty acids supplementation in children with
autism: A double-blind randomized, placebo-controlled pilot study. Biological
Psychiatry. 2007;61:551-3.
6. Bell JG, MacKinlay EE, Dick JR, MacDonald DJ, Boyle
RM, Glen AC. Essential fatty acids and phospholipase A2 in autistic spectrum
disorders. Prostaglandins Leukot and Essent Fatty Acids. 2004;71:201-4.
7. Bent S, Bertoglio K, Ashwood P, Bostrom A, Hendren
RL. A pilot randomized controlled trial of omega-3 fatty acids for autism
spectrum disorder. J Autism Dev Disord.
2011;41(5):545-54.