A
alergia ao ovo é bastante frequente em idade pediátrica e é a segunda principal
causa de alergia alimentar na criança, a seguir ao leite de vaca. A sua
prevalência atinge até 3% da população geral nos primeiros anos de vida.
A
alergia ao ovo de galinha é uma reação adversa causada por um mecanismo
imunológico contra as proteínas do ovo e que ocorre após ingestão ou contato
com ovo nas pessoas que desenvolveram IgEs específicas para este alimento (ou
seja, apenas nas pessoas que são alérgicas). Esta reação repete-se sempre que
haja ingestão ou mesmo até só contato cutâneo (contato na pele) com ovo.
É
importante perceber a diferença entre a alergia ao ovo e outras reações
relacionadas com o consumo de ovos. Na verdade, não existe qualquer relação
entre a alergia ao ovo e outro tipo de reações produzidas pelo consumo de ovo
ou seus derivados que se encontrem em mau estado. Estas são reações adversas
bastante frequentes devido à contaminação do produto com bactérias (por
exemplo, salmonella) e, por isso, são reações do tipo tóxico e não alérgicas.
Estas reações tóxicas cursam com diarreia, vômitos, e em situações ocasionais
também febre. Nestes casos, quase todas as pessoas que ingeriram o produto
nestas condições apresentam a reação, e não voltam a apresentar sintomas em
ingestões posteriores se os ovos estiverem em bom estado.
As
partes do ovo não são igualmente alergênicas, e é também curiosa a relação da
alergia ao ovo com o grau de cozedura do mesmo. Nesse contexto, é importante
saber que a clara do ovo (parte branca do ovo) é a que contém mais proteína do
ovo e por isso é mais alergênica do que a gema do ovo (parte amarela do ovo).
Por isso, é frequente as crianças introduzirem a gema, habitualmente pelos 9
meses de idade, sem qualquer problema, e apresentarem reação mais tarde, apenas
quando introduzem a clara (cerca dos 12 meses).
NA CLARA DE OVO FORAM JÁ IDENTIFICADAS MAIS DE 20
PROTEÍNAS QUE PODEM CAUSAR ALERGIA, MAS AS MAIS FREQUENTES SÃO A OVALBUMINA E
OVOMUCÓIDE.
De
igual forma, é também essencial saber que o ovo cozido/frito é menos alergênico,
sobretudo quando ingerido cozidos com trigo, como é o caso de bolos ou
bolachas.
O
ovo cru é o que provoca mais alergia, sobretudo a clara de ovo crua. Isso
acontece sobretudo se a alergia é principalmente à proteína ovomucóide, porque
esta é mais resistente ao calor; é também a proteína mais responsável pela
persistência da alergia ao longo do tempo.
Assim
sendo, a alergia ao ovo pode manifestar-se apenas com a ingestão de produtos
contendo ovo cru, como é o caso da mousse de chocolate ou então, em situações
em que os ovos não são muito cozidos, como o caso da omelete, ovos mexidos
mal-passados.
É
importante também distinguir entre intolerâncias e alergias. A intolerância ao
ovo, tal como as restantes intolerâncias, por exemplo à lactose, cursa com
sintomas apenas gastrointestinais e apesar de incomodativa não tem gravidade.
·
Os sintomas da
alergia ao ovo podem ser leves até mais graves (anafilaxia).
·
Os sinais mais
comuns podem ocorrer na pele (urticária, coceiras, eczema, inchaço visível nas
pálpebras, pele e lábios), no sistema respiratório (tosse seca e constante,
espirros, secreção e congestão nasal, dificuldade na respiração) e no trato
gastrointestinal (dores abdominais, diarreias, náuseas e vômitos).