ALERTA: Engasgou, e agora? O poder do “minuto de ouro”


































Certamente você já deve ter presenciado uma situação desse tipo, não?
E qual foi sua reação e a reação das pessoas que estavam em volta?
Havia pessoas preparadas para lidar com esta situação?

Com a facilidade das redes sociais é cada vez mais comum receber notícias, ou mesmo vídeos, de acidentes desse tipo com crianças e adultos que, sem uma intervenção adequada e rápida,  morrem por conta do engasgo.
Em termos mais técnicos, o engasgo é considerado uma obstrução das vias aéreas superiores por corpo estranho, conhecido pela sigla OVACE.  Traduzindo para uma linguagem menos técnica, nada mais é que algum objeto, alimento ou líquido (corpo estranho) que impeça a passagem parcial ou total do ar, causando desta forma, asfixia. Por isso também, a tendência a haver maior incidência em lugares onde haja alimentação envolvida e, no caso de crianças, acidentes caseiros com objetos pequenos e/ou brinquedos.
Conforme aponta a organização não governamental Criança Segura, a ‘’...sufocação e o engasgamento são a terceira principal causa de morte acidental de crianças e adolescentes de zero a 14 anos no Brasil’’. Só no ano de 2017 foram registradas 777 mortes por este motivo. Desse total, 581 tinham menos de um ano de idade.
Estima-se que aproximadamente ¼ dos casos fatais de engasgos sejam ocasionados por algum tipo de alimento. Por esta razão há a tendência a haver mais incidentes em locais onde haja alimentação envolvida tais como restaurantes, refeitórios, praças de alimentação, entre outros.
Entretanto, a questão central neste tipo de situação é o tempo de reação. Quanto mais rápida for a identificação do engasgo e os primeiros socorros, as lesões decorrentes da asfixia serão menores ou mesmo nulas. No meio da saúde este pronto atendimento seguindo um protocolo é chamado de “minuto de ouro”. As chances de reversão de situações como esta no “primeiro minuto” após o incidente sem danos ou sequelas à vítima é próxima a 100% se houver ação rápida e de acordo com protocolos médicos reconhecidos internacionalmente como adequados a cada situação.
Diferentemente de outros países no Brasil não há, todavia, uma consciência a respeito da disseminação de uma “cultura dos primeiros socorros” de forma massificada à população, fato que compromete e coloca em risco a saúde pública de toda uma população numerosa como é a brasileira.
Em muitos países os procedimentos de primeiros socorros fazem parte do currículo escolar de crianças a partir de 12 anos de idade. Se muitas pessoas tivessem preparo para lidar com esta situação, milhares de vidas poderiam ser salvas.
As pessoas, de uma forma geral, tendem a subestimar a necessidade do conhecimento e domínio dos procedimentos de primeiros socorros imaginando que:

1.   Nunca irá acontecer comigo ou com alguém próximo a mim;
2.   Se acontecer, eu ligo para....  ...para onde mesmo????
3.   Eu tenho um convênio de saúde que cobre emergências médicas.

Excluindo-se a alternativa 1 que não pode ser considerada uma reação ao incidente mas uma premissa instalada, as alternativas 2 e 3 são temerárias enquanto solução efetiva do problema. Numa situação de tensão como é a de um incidente deste tipo, as pessoas muitas vezes perdem sua capacidade de raciocínio e concentração e simplesmente “...dá um branco...” comprometendo uma reação rápida e eficaz a ponto de muitas vezes não saber para que número de emergência ligar. Digamos que, por sorte, a pessoa “acertou” o número da emergência e ligou “...para o lugar certo” mesmo na situação de desespero. Na melhor das hipóteses, acionar a “pessoa certa” do outro lado da linha irá demorar no mínimo 2 minutos e o procedimento de socorro deverá estar iniciando em aproximadamente 3 minutos após o incidente. Experimente ficar 3 minutos sem respirar lembrando que, a partir de 4 minutos, havendo falta de oxigenação no cérebro, já começa a haver danos cerebrais. Outro argumento utilizado para não “preocupar-se” com isso é dizer que o convênio de saúde cobre o serviço de emergência. Estatísticas confiáveis atestam que o tempo mínimo de chegada de uma ambulância ou serviço móvel de emergência é de 15 minutos. Novamente, tente ficar 15 minutos sem respirar. Apenas para lembrar: o recorde mundial de apnéia é de 8 minutos.
Sendo assim, o que deve-se levar em conta é que nada substitui a necessidade de agir no “minuto de ouro”, ou seja, o primeiro minuto após a ocorrência do incidente é a chance de fazer toda diferença e não “concorre” com outros procedimentos mas os complementa. Os primeiros socorros são procedimentos simples e eficazes, provados internacionalmente através de protocolos detalhadamente descritos como “...o melhor encaminhamento a ser dado numa situação de emergência”. Portanto, assimilar a “cultura” dos primeiros socorros e “agir rápido” são os procedimentos mais adequados a serem feitos para salvar uma vida em risco enquanto o socorro médico está a caminho.

Uma tentativa de mudança: LEI Nº 13.722, DE 4 DE OUTUBRO DE 2018

Conhecida como Lei Lucas, em homenagem ao menino Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, que morreu em setembro de 2017 ao se engasgar com um lanche durante um passeio escolar na cidade de Campinas (SP), essa lei torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil a partir de março de 2019.
Então...
Se seu filho (a) sofrer um engasgo na escola, será salvo (a)?
Caso você, ou alguém de sua família, sofra um engasgo em um restaurante, será salvo?
Primeiros socorros = reação rápida (“minuto de ouro”) + procedimentos corretos
Um conhecimento em primeiros socorros com certeza é uma demonstração de amor a quem você ama e que está sempre a sua volta.
Pense nisso se você pensa na sua família e nas pessoas a sua volta.

Aja proativamente; não espere para “...aprender pela dor...”.

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MATÉRIA: ENFERMEIRO MSc. GLEIDSON B. OSELAME

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