Boswellia serrata e a correção da permeabilidade intestinal:



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Boswellia serrata é uma planta medicinal da Medicina Ayuvérdica, conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias. A casca contém uma resina (goma conhecida como guggulu) rica em fitoquímicos, como os ácidos boswellicos, aos quais se atribui as principais ações medicinais.
 Uma das primeiras linhas de pesquisa com a boswellia buscou mostrar sua aplicação popular, ou seja, sua ação como anti-inflamatório. Os ácidos boswellicos e triterpenos pentacíclicos são inibidores específicos, não competitivos e não oxidorredutores da 5-lipoxigenase, enzima essencial que faz a biossíntese de leucotrienos (mediadores inflamatórios). Além disso, o uso da Boswellia serrata está associado à redução nos níveis de IL-1b, IL-6, TNF-alfa, IFN-gama e PGE2 e aumento dos níveis de IL-10.
 Pesquisa científica com pacientes com dores crônicas, quando utilizaram o extrato de boswellia, apresentaram redução no quadro de dor recorrente, aumento na capacidade funcional (caminhada) e redução na necessidade de uso de outros anti-inflamatórios.  Dessa maneira, sugere-se que a inibição de citocinas inflamatórias e a modulação do estado antioxidante conferem o efeito protetor da boswellia para artrite reumatoide, dores osteo-articulares e processos inflamatórios e crônicos degenerativos.
Todavia, outro processo inflamatório crônico faz com que muitos pacientes busquem soluções nas plantas medicinais: o quadro de doenças inflamatórias intestinais.  Entre as doenças inflamatórias de intestino com maior relevância clínica podemos citar a doença de Crohn e a colite ulcerativa, que reduzem a qualidade de vida dos pacientes por gerarem quadro de desconforto e dor, além de impactar diretamente no metabolismo geral e comportamento alimentar. Possui tratamentos convencionais com resultados limitados, que conferem uma grande busca por tratamentos com plantas medicinais.
Há uma década, um grupo de pesquisadores administraram extrato de Boswellia serrata a 31 pacientes com colite crônica durante 6 semanas e compararam com placebo. O estudo concluiu que a Boswellia serrata foi um tratamento efetivo, pois a proporção de pacientes com a remissão da doença foi maior nos pacientes que receberam o extrato da planta relação ao placebo. Além disso, o extrato de boswellia apresentou poucos efeitos colaterais.
Resultados semelhantes foram encontrados em outra pesquisa, com pacientes em quadro de diarreia crônica devido a processo de colite e que receberam o extrato da Boswellia serrata por 6 meses. Após o período de tratamento, a taxa de remissão da doença com melhora clínica foi expressiva, porém sem alterações histológicas significantes, sugerindo, dessa maneira, uma necessidade de aumentar os conhecimentos da ação da boswellia no intestino.
 Devemos considerar que esse quadro de inflamação está relacionado com a redução nas microvilosidades intestinais, com consequências não desejadas no processo absortivo e no processo de disbiose intestinal (e todas as suas repercussões orgânicas). Em resposta a essas demandas, a Boswellia serrata possui melhor atuação no processo do que os tratamentos convencionais. Pesquisadores demonstraram que o tratamento com o extrato de Boswellia serrata reduz o edema da região e preserva as criptas da mucosa (análise histológica) através da redução no processo de peroxidação lipídica e do estresse oxidativo celular (aumento da atividade da glutationa). O mesmo grupo de pesquisadores mostraram outros dados reforçando essa ação anti-inflamatória e antioxidante na mucosa intestinal em estado inflamado, evidenciando, inclusive, melhora na pressão e controle do esfíncter anal.
Sendo assim, a Boswellia serrata pode ser considerada uma planta com atuação completa nas células epiteliais colônicas, diminuindo inflamação e formação de radicais livres, diminuindo dores – especialmente as osteo-articulares – e preservando a integridade e a função do epitélio intestinal por manutenção da função de barreira (tight juntions).

Fonte da matéria: www.vponline.com.br
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