CELULITE: "Ela é o que você come"...


Inflamação é a resposta do organismo frente a agressões físicas, químicas ou biológicas, quando o sistema de defesa aciona modificações hormonais, metabólicas e celulares. A região inflamada costuma apresentar aumento da vascularização e conseqüente dor, calor, rubor (vermelhidão) e edema (inchaço), podendo culminar na perda de função do tecido ou órgão, quando a ação passa de localizada e temporária a sistêmica e crônica - condição que pode favorecer da celulite ao câncer, passando pelos conhecidos sintomas respiratórios e pela dificuldade de emagrecer.
Fatos, como celulite presente em mulheres magras e ganho de peso insistente, apesar de dietas hipocalóricas, costumam ser vistos como grandes enigmas metabólicos, quando, na verdade, decorrem de processos inflamatórios desencadeados por uma combinação de maus hábitos alimentares, sedentarismo e herança genética.
A celulite, na verdade, é uma inflamação crônica, caracterizada por gordura aprisionada nos tecidos, que dificulta a renovação celular. Ainda, a inflamação reduz as atividades funcionais das células dos tecidos dérmico e subcutâneo, comprimindo vasos sanguíneos e linfáticos e causando não apenas a celulite, como também a deposição de gordura em diversas células, a acne, a flacidez e o envelhecimento precoce.
O funcionamento celular e de cada órgão ocorre na sua plenitude apenas quando o organismo está livre de toxinas e substâncias inflamatórias e recebendo todos os nutrientes necessários para suas funções, proporcionando um estado de equilíbrio capaz de controlar a integridade dos tecidos e até o apetite.
Freqüentemente, alimentos pouco calóricos apresentam um teor tóxico tão elevado - oriundo de corantes, conservantes, agrotóxicos, fertilizantes, metais pesados, hormônios e medicamentos - que acabam promovendo maior ganho de peso do que alimentos ricos em energia, mas dotados de propriedades funcionais anti-inflamatórias e antioxidantes; nesse sentido, o consumo de gelatina dietética pode realmente engordar mais do que o de abacate.
Outros exemplos de alimentos pró-inflamatórios são os embutidos, as carnes gordas, o leite integral, os doces, os refrigerantes, os alimentos refinados, os enlatados e os produtos industrializados em geral. Ademais, esses itens também tendem a acidificar o nosso organismo. Para estar em equilíbrio e reduzir a produção de substâncias inflamatórias, o pH sanguíneo precisa manter a alcalinidade.
A abundância desses elementos faz com que a dieta ocidental típica ofereça de vinte a cinqüenta vezes mais alimentos pró-inflamatórios do que anti-inflamatórios.
Encontramos exemplos de nutrientes com potencial anti-inflamatório no abacate e no azeite extravirgem de oliva (gordura monoinsaturada), na sardinha, no salmão e nas sementes de linhaça e de chia (ácidos graxos essenciais, os famosos ômegas) e nas frutas, nas hortaliças, nas leguminosas e nos produtos com cereais integrais na composição (carboidratos de baixo índice glicêmico, vitaminas e minerais).
Já compostos bioativos com ação anti-inflamatória podem ser encontrados, por exemplo, nas uvas (resveratrol), nas frutas vermelhas (antocianinas), na romã e na amora-preta (ácido elágico), no chá verde (catequinas), na maçã e nas frutas cítricas (quercetina), no tomate, na melancia e na goiaba (licopeno), no gengibre (gingerol), no azeite de oliva (tirosol), nas crucíferas, como brócolos e couve-flor (indol-3-carbinol e sulforafano), na cúrcuma (curcumina), na pimenta-vermelha (capsaicina), no própolis e nas hortaliças (apigenina) e na soja (genisteína).
Desse modo, a ingestão de elementos pró-inflamatórios, tão presentes na alimentação moderna, deve ser desencorajada e substituída pelo consumo freqüente de alimentos anti-inflamatórios, os quais reinaram na era pré-industrial.
Portanto, no combate à celulite e a quaisquer disfunções de natureza inflamatória recomenda-se, como freqüência, consumir uma porção de alimentos anti-inflamatórios a cada três horas, perfazendo, ao longo do dia, uma dieta rica em peixes, frutas, hortaliças, cereais integrais, leguminosas, mel, raízes, sementes, especiarias e ervas aromáticas.
                              
Referências Científicas:

1. BASTOS, D. H. M.; ROGERO, M. M.; ARÊAS, J. A. G. Mecanismos de ação de compostos bioativos dos alimentos no contexto de processos inflamatórios relacionados à obesidade. Arq Bras Endocrinol Metab; 53(5): 646-656, 2009.
2. CABRERAS, C. Dieta anti-inflamatória. Revista Pense Leve, p. 18-24, julho 2012.
3. CAVALHEIRO, T. et al. Combo anticelulite. Revista Boa Forma, p. 100-110, setembro 2012.
4. JACQUES, A. C.; ZAMBIAZI, R. C. Fitoquímicos em amora-preta (Rubus spp). Semina: Ciências Agrárias; 32(1): 245-260, 2011.
5. KOPPENOL, W. H.; BOUNDS, P. L.; DANG, C. V. Otto Warburg’s contributions to current concepts of cancer metabolism. Nature Reviews – Cancer; 11: 325-337, 2011.


  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS