O esporte de alto
rendimento vem apresentando uma evolução acentuada nas últimas décadas,
principalmente devido ao embasamento cientifico oriundo das áreas como a
fisiologia do exercício, biomecânica e a nutrição aplicada aos esportes.
Atualmente uma das grandes preocupações no que diz respeito ao aparecimento de
lesões em atletas é a prevenção e o controle do estresse oxidativo causado pelo
exercício intenso.
A produção de
radicais livres é maior nos atletas e, por esse motivo, eles estão sob o risco
constante de desequilíbrio entre a produção de radicais livres e os mecanismos
de defesa antioxidante do organismo, ou seja, de estresse oxidativo. O próprio
treinamento físico dispara mecanismos naturais de adaptação e de defesa contra
o ataque de radicais livres, evitando processos de fadiga e prevenindo o
aparecimento de lesões musculares por esse tipo de estresse.
A dieta equilibrada
é essencial nesse processo, pois, contém nutrientes com ação antioxidante como
o selênio, ferro, zinco, cobre, manganês, vitamina C e vitamina E, além de
compostos bioativos como os carotenóides e os flavonóides. É fato que a
alimentação e nutrição adequadas, o bom desempenho físico do atleta e a
prevenção de lesões estão diretamente relacionados.
Os nutrientes e
compostos bioativos com ação antioxidante constituem importante fator de
proteção contra lesões musculares causadas pelo estresse oxidativo. Importantes
órgãos internacionais e nacionais têm se posicionado quanto à ingestão ideal de
compostos alimentares antioxidantes para atletas. A Associação Dietética
Americana ressalta que os atletas que estão sob o risco de deficiência de
micronutrientes antioxidantes, são aqueles que seguem dieta muito restrita em
energia, aqueles que adotam práticas severas para perda de peso (normalmente
eliminando um ou mais grupos de alimentos da dieta) e aqueles que priorizam o
consumo dos macronutrientes, particularmente as proteínas e os carboidratos,
negligenciando a ingestão de minerais e vitaminas.
Em concordância com
a Associação Dietética Americana e o Colégio Americano de Medicina Esportiva, a
Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte defende e recomenda
a modificação dietética para atletas, modificação esta que garanta uma prática
alimentar adequada a intensidade e duração do exercício, que aperfeiçoe o
desempenho físico e que previna lesões. É perfeitamente possível que uma
alimentação equilibrada promova a ingestão adequada dos antioxidantes
alimentares.
Na prática, uma
dieta rica em frutas e hortaliças (de cores variadas), grãos integrais e
sementes e frutos de oleaginosas (principalmente castanha do Pará) fornece
quantidade suficiente dos compostos antioxidantes para atender as necessidades
nutricionais. Não há necessidade de suplementação, a não ser que claras razões
médicas, nutricionais ou de saúde pública estejam presentes.
Vale ressaltar que
a suplementação com antioxidantes de forma inadequada e desnecessária ao invés
de proteger o organismo, torna-o mais susceptível ao estresse oxidativo. Dentro
de uma dieta equilibrada, o consumo diário de 5 a 6 porções de frutas, de 4 a 5
porções de hortaliças, de 4 a 5 castanhas do Pará e de 3 a 4 porções de grãos
integrais é suficiente para promover a ingestão de selênio, ferro, zinco,
cobre, manganês, vitamina C, vitamina E, carotenóides e flavonóides necessários
ao funcionamento adequado do sistema orgânico de combate aos radicais livres.
Por fim, é de
extrema importância considerar a individualidade bioquímica e todo o contexto
ambiental no qual está inserido o atleta, já que disso depende a
biodisponibilidade (absorção e utilização pelo organismo) dos compostos
antioxidantes presentes na dieta.